Participantes

  • Amanda Queiroz Moura (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Catherrine Thiene Rossini (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Claudia Regina Boen Frizzarini (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Elielson Sales (Doutorando em Educação Matemática A imagem no ambiente informatizado enquanto elemento facilitador para o ensino de geometria com criança surda)
  • Elizabete Leopoldina da Silva (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Eloísa Jussara de Souza Silva (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Lessandra Marcelly (Doutoranda em Educação Matemática)
  • Miriam Godoy Penteado (Coordenadora)
  • Renato Marcone (Doutorando em Educação Matemática)
  • Vanessa Cintra (Doutoranda em Educação Matemática)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

the danger of a single history

histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias também podem recuperar essa dignidade perdida.


by

Chimamanda Ngozi Adichie

http://www.ted.com/talks/lang/eng/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

quarta-feira, 28 de abril de 2010

UM PUXÃO DE ORELHA DE VEZ EM QUANDO FAZ BEM!

Lunara preparava a redação pedida pela professora. Somente no Natal do ano anterior, ganhou uma máquina de escrever em Braille. Até aquela data, usara frequentemente o reglete e o punção.

Embora já tivesse uma certa prática na escrita Braille, porque há oito anos tinha familiaridade com este sistema, a menina ainda cometia muitos erros na grafia de algumas letras e pontuações. Aparentemente, o motivo disto parecia estar relacionado apenas ao pouco tempo da substituição do reglete pela máquina em função da reversibilidade, ou seja, pela mudança de posição dos pontos 1, 2 e 3 para a posição dos pontos 4, 5 e 6, e vice-versa, durante a escrita no reglete.

Enquanto Lunara pensava no tema da redação, a irmã fazia seus exercícios de matemática. Estavam tão concentradas que nem perceberam a entrada de Helena. A mãe ficou em silêncio, observando suas filhas. Então, aproximou-se de Lunara.

- O que está fazendo, Lunara?

- A redação de português que a professora pediu. Cada aluno tem de escolher uma cidade ou país e escrever porque gostaríamos de fazer esta viagem. Eu quero ir para a França, por causa do Louis Braille.

Helena olhou para o papel no qual a filha trabalhava. Como nada enxergava ali, além de pontos sem significado para ela, apenas disse: muito bem, filha, vá em frente!

Aproximou-se então de Lizandra.

- Humm... Será que o resultado desta multiplicação é mesmo este, filha?

- Acho que sim, mamãe. Mas vou fazer a conta de novo, falou Lizandra bastante desconfiada de que realmente havia feito a conta errada.

- Você também precisa caprichar mais, Liz. Seu caderno está muito riscado e desorganizado, falou a mãe repreendendo o desleixo da filha.

- E os meus papéis, mamãe, como estão? perguntou Lunara esperançosa.

- Me parecem ótimos, Lu. Para mim, não existe nada de errado.

- Mas não ficou feio onde apaguei com o dedo os pontos errados?

Helena olhava o papel mais confusa ainda. Percebia aqui e ali que o papel havia sido marcado, mas os pontos estavam salientes e isto, para ela, era suficiente, afinal de contas o braile não é uma série de pontos combinados em relevo? Helena não sabia que um ou mais pontos mal apagados podem confundir a leitura para uma pessoa cega, ainda mais quando ela não desenvolveu sua habilidade tátil totalmente.

- Talvez, Lu, seja melhor você perguntar para sua professora especializada em braille antes de entregar sua redação. Eu não entendo nada disto e posso afirmar algo errado para você.

Lunara ouvia a tudo calada e pensativa. De repente, declarou firmemente:

- Mamãe, não quero mais escrever deste jeito, não quero mais usar o braille.

- Como, minha filha? O braille é muito importante para seu estudo. É uma forma de escrita muito interessante, boa e útil.

- É tão interessante que você não sabe, que o papai não quer aprender, que meus professores desconhecem e meus colegas e irmãs não usam! desabafou Lunara, cansada por guardar este pensamento por tanto tempo.

- Mas nós escrevemos de uma outra forma porque enxergamos. Deste jeito, podemos nos comunicar e receber novas informações, notícias e tantas outras coisas mais, Lu.

- Aí é que está, mamãe. Vocês se comunicam por escrito entre vocês, mas não comigo. Vocês não sabem se eu escrevi corretamente, se eu faço meus exercícios como devem ser feitos, se está tudo organizado e nem mesmo se eu sou ou não desleixada.

- Mas minha filha, isto tudo não é dito por sua professora de braille na escola? perguntou Helena ainda impactada pelo desabafo de Lunara.

- Ela me diz algumas coisas sim, mamãe, mas ela é a minha professora e fica na escola. Eu queria ser tratada como a Liz, como as minhas amigas e como meus colegas. Que os professores na sala de aula olhassem para meus papéis e chamassem minha atenção, que principalmente a senhora ou o papai me ajudassem em casa com as lições e, se fosse preciso, me dissessem que preciso ser mais organizada, mais cuidadosa.

- Por que você não usa o computador, Lu, perguntou Liz feliz por sua brilhante ideia.

- Isto não iria resolver todos meus problemas, mana. Imagina que você me deixassem um bilhete em cima da mesa ou preso na geladeira. Como eu iria ler?

- A gente deixa no computador, ora, respondeu Liz mais prosa ainda.

- E se faltar luz, e se o computador estragar, e se o papai estiver usando o computador para seus trabalhos? ponderou Lunara.

- É mesmo... não tinha pensado nisto, respondeu Lizandra, percebendo que esta solução não era tão prática assim. Puxa, é mesmo... deve ser muito chato a gente sentir que está fora do mundo.

- Ouviu, mamãe? Até a Liz chegou nesta conclusão! Quantas vezes quero escrever um cartãozinho para vocês e preciso esperar para encontrar primeiro com minha professora e ela, então, transcrever para tinta. Quantas vezes sonhei em ganhar cds de vocês já marcados em braille com o nome do cantor e o título das músicas. Quantas vezes esperei tantas coisas com o braille assinalando que eu faço parte deste mundo, que não sou nenhuma estrangeira na minha casa, que escrevo e leio no mesmo idioma da minha família... concluiu Lunara já quase chorando.

As palavras de Lunara foram entendidas pela mãe. Helena sabia que sua filha tinha razão. Em diversas ocasiões, havia se questionado sobre a educação e a qualidade do relacionamento de Lunara com toda a família. Além disto, se perguntara muitas vezes se estava correto ou adequado transferir a responsabilidade da educação de Lunara para a professora especializada, deixando que todos se tornassem reféns de encontros semanais para que esclarecimentos ou sugestões fossem dados, como se educação e desenvolvimento não acontecessem em todos os minutos da vida.

- Você está certa, Luzinha. Precisamos urgentemente rever nosso comportamento e aprender o braille. Acho que assim vamos nos aproximar ainda mais, modificando também alguns hábitos e melhorando nossas habilidades, afirmou Helena, abraçando carinhosamente sua filha.

- Que bom, mamãe! Vou ter minha orelha puxada de vez em quando!

escrito por Sonia Hoffmann

Porto Alegre, 30 de agosto de 2009

www.diversidadeemcena.net

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Nova dissertaçao sobre ensino de matemática para deficientes visuais

Abaixo transcrevo a introdução da dissertação de mestrado intitulada
INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE FUNÇÃO PARA DEFICIENTES VISUAIS COM O AUXÍLIO DO COMPUTADOR
de autoria de Heitor de Oliveira
defendida no Mestrado em Ensino de Matemática da UFRJ, fev 2010.
maiores detalhes façam contato com o autor pelo email: heit00r@hotmail.com


INTRODUÇÃO
Como professor de Matemática em escolas particulares e públicas de ensino regular e de ensino para Jovens e Adultos, sempre percebi problemas no entendimento do conceito de função. Em geral, os alunos apresentavam as mesmas dificuldades de entendimento e cometiam erros semelhantes, tal como igualar uma função a zero a fim de “resolvê-la”. Dessa forma, minha preocupação com o ensino do conceito de função aumentava a ponto de me guiar para uma pesquisa mais detalhada do tema.
Paralelamente a isso, desde que fui aprovado no concurso para professores da Fundação Municipal de Educação de Niterói, passei a ter uma grande preocupação com a possibilidade de receber alunos com necessidades educacionais especiais e não saber como lidar com os mesmos. Em conversas com os diretores da escola, as respostas eram sempre idênticas: “Não tenho ideia de como trabalhar com eles!”
No ano de 2007, ministrava aulas nas turmas de 9° ano do Ensino Fundamental quando fui informado sobre a recente matrícula de uma aluna com baixa visão no 3° ano. Diante desta situação, comecei a me preocupar com o ensino para Deficientes Visuais. Resolvi aprender Braille e a pesquisar como poderia adaptar materiais didáticos.
Estudei na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e já conhecia o trabalho de um grupo de professores voltado para a melhoria do ensino de matemática, o Projeto Fundão – Matemática, do Instituto de Matemática da UFRJ. Porém, minha motivação aumentou ao descobrir que estava sendo trabalhada uma linha de pesquisa sobre o ensino de matemática para deficientes visuais.
Aproveitando esta linha de pesquisa e associando a mesma com minha intenção em pesquisar a aquisição do conceito de função, resolvi iniciar o meu trabalho com a Educação Especial, em particular com a introdução do conceito de função para deficientes visuais.
Sendo este um dos conceitos mais difíceis para os alunos, cuja a falta da exploração gera um hábito de igualar todas as expressões a zero na tentativa de determinar um valor específico para a variável envolvida, resolvi que o foco da minha pesquisa seria a introdução ao conceito de função.
Na introdução do conceito de função, a percepção das regularidades é um ponto fundamental para futuras concepções tais como: variáveis, gráficos e equações. Tendo em mente estes pontos, será apresentado um conjunto de atividades tendo, por objetivo,
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verificar como os alunos deficientes visuais podem aprender o conceito de função através de uma sequência de exercícios e avaliar como o computador, por intermédio de planilhas eletrônicas, pode contribuir neste processo de aprendizagem.
Com base no primeiro objetivo deste trabalho, estruturamos atividades contidas em livros voltados para o ensino regular. A concepção de tais atividades nestes livros não contempla intencionalmente alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, como a deficiência visual. Dessa forma, queremos mostrar como um mesmo conjunto de exercícios trabalhado com crianças sem esta deficiência pode ser usado com cegos e portadores de baixa visão apenas com adaptações intrínsecas à falta de visão.
As atividades propostas foram baseadas nos livros “Construindo o Conceito de Função” (TINOCO, 2002) e “Álgebra: das variáveis às equações e funções” (SOUZA & DINIZ, 1994).
Em virtude do público alvo desta pesquisa ser os deficientes visuais, os objetivos envolvendo o uso do computador foram possibilitados pelo Sistema DOSVOX, que será apresentado no terceiro capítulo.
Esta pesquisa foi dividida em quatro etapas:
1. Atividades iniciais em sala de aula;
2. Atividades no laboratório de informática do Instituto Benjamin Constant;
3. Análise de gráficos;
4. Entrevistas com os alunos e a professora da turma.
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está dividida em oito capítulos:
No primeiro capítulo, serão apresentadas análises e estudos acerca do ensino de funções iniciando por um breve histórico e discutindo obstáculos de aprendizado, uso das variáveis, uso da notação matemática, além da utilização de planilhas como auxílio à aquisição deste conceito.
No segundo capítulo, discutiremos sobre o ensino de funções para deficientes visuais e, para tal, iremos nos basear nas práticas pedagógicas de professores do Instituto Benjamin Constant (IBC).
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No capítulo seguinte, tratamos de algumas das ferramentas utilizadas no ensino de deficientes visuais, da reglete ao DOSVOX.
O quarto capítulo trará informações acerca da metodologia utilizada bem como o Estudo Piloto realizado com os alunos do 7° ano do Instituto Benjamin Constant.
No quinto capítulo, serão apresentados os participantes da pesquisa: Camila e Daniel, além da professora Paula Marcia Barbosa.
No sexto capítulo, apresentaremos as atividades que fizeram parte desta pesquisa.
No capítulo seguinte, faremos as análises referentes à aplicação das atividades com os alunos do 9° anos do IBC.
No oitavo capítulo, serão apresentadas as considerações sobre este trabalho.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tony Booth

O pesquisador Tony Booth, da Canterbury Christ Church University, tem várias pesquisas sobre educação inclusiva, e no link abaixo, há um index com as referências a todas as produções de seu grupo de pesquisa, que penso poder ajudar a quem se interessa pelo tema.

http://www.canterbury.ac.uk/education/educational-research/staff/tony-booth/

Educação para todos

A quem se interessar, há um compêndio com ótimas informações sobre iniciativas visando uma educação para todos no site da UNESCO, disponíveis no link abaixo.

http://www.unesco.org/en/efa/