Participantes

  • Amanda Queiroz Moura (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Catherrine Thiene Rossini (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Claudia Regina Boen Frizzarini (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Elielson Sales (Doutorando em Educação Matemática A imagem no ambiente informatizado enquanto elemento facilitador para o ensino de geometria com criança surda)
  • Elizabete Leopoldina da Silva (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Eloísa Jussara de Souza Silva (Licenciatura em Matemática - Unesp)
  • Lessandra Marcelly (Doutoranda em Educação Matemática)
  • Miriam Godoy Penteado (Coordenadora)
  • Renato Marcone (Doutorando em Educação Matemática)
  • Vanessa Cintra (Doutoranda em Educação Matemática)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

depoimento

matéria publicada no caderno equilíbrio do jornal Folha de São Paulo de 24 de setembro de 2009.


"Tive que me virar"

JAIRO MARQUES
COORDENADOR-ASSISTENTE DA AGÊNCIA FOLHA

Lá em casa, a regra sempre foi conviver com a molecada, me sentir igual aos outros, aprender a me virar e a me preparar para o mundo mesmo sendo ele bem despreparado para mim, como é até hoje.
Apesar de a minha mãe ter as preocupações básicas de criar uma criança com deficiência, fui incentivado a criar meios de ser independente, de encarar os desafios da falta de acessibilidade e de me preparar para fazer com que o meu caráter se impusesse ao meu aspecto físico.
Nem após as cirurgias necessárias para minimizar os reflexos da paralisia infantil -fui vítima dela aos nove meses-, eu recebia proteção excessiva. Matar aulas porque estava usando gesso ortopédico, nem pensar. Era necessário me reabilitar, mas isso nunca foi justificativa para deixar meu preparo de vida para trás.
Poucas vezes escutava de algum parente: "Você não pode ir porque lá é cheio de escadas e você não vai se dar bem". Mas foram vários os incentivos do tipo: "Vai que, com jeitinho, você consegue. Se não der certo, você tentou".
Claro que encarar as limitações, sobretudo as severas, é um processo que gera desconforto, e nenhuma mãe quer que o filho seja vítima de preconceito ou passe por empecilhos.
Contudo, a proteção não pode ocultar a realidade a ser enfrentada. Aprender a se virar na infância pode garantir uma vida adulta com mais desenvoltura, sem que nos achem cheios de melindres.


Jairo Marques é cadeirante e autor do bloghttp://assimcomovoce.folha.blog.com.br

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