Lisboa, 22 Mai (Lusa) - A psicóloga Helena Alves considerou hoje urgente ensinar as famílias das crianças surdas a comunicar com estes meninos, muitos dos quais "vivem um isolamento na família" que só se quebra na escola ou em vivências associativas com outros surdos.
Lusa
13:50 Sexta-feira, 22 de Mai de 2009
Lisboa, 22 Mai (Lusa) - A psicóloga Helena Alves considerou hoje urgente ensinar as famílias das crianças surdas a comunicar com estes meninos, muitos dos quais "vivem um isolamento na família" que só se quebra na escola ou em vivências associativas com outros surdos.
"A grande maioria das crianças surdas vive na família a surdez. Os pais debatem-se com o desafio da comunicação e, muitas vezes, aquando do diagnóstico, entram numa surdez de contacto e até o olhar inibem com a criança", afirmou à agência Lusa a psicóloga, que acompanha há cerca de três décadas jovens e adultos surdos.
Segundo a psicóloga, 90 a 95 por cento das crianças surdas nascem em famílias de ouvintes e são essas famílias que necessitam de apoio.
"As crianças surdas que nascem em famílias de surdos (três a cinco por cento) têm desde o nascimento acesso a um ambiente linguística e culturalmente adequado às suas necessidades", frisou, comentando que são meninos que são "embalados em Língua Gestual", salientou.
Para Helena Alves, é necessário que as crianças surdas acedam a uma "educação bilingue e bicultural e que o acesso à sua língua natural, a Língua Gestual, se desenvolva e enriqueça pelo contacto com adultos surdos".
Salientou ainda a importância de estes meninos frequentarem escolas com crianças ouvintes porque reforça "o sentido de pertença a um grupo, o sentimento de identidade, o desenvolvimento de uma linguagem e do pensamento".
Helena Alves, que está desde 2008 no Centro de Novas Oportunidade da Casa Pia de Lisboa, especializado para pessoas surdas e cegas, lembrou que a educação dos surdos, até meados da década de 90, se centrava exclusivamente em metodologias oralistas de "reabilitação auditiva" que proibiam a utilização de "gestos", ao considerá-los limitadores do desenvolvimento do pensamento abstracto.
"Esta situação gerou défices ao nível do desenvolvimento de todo um potencial humano de gerações de pessoas surdas, gerando uma baixa escolaridade, um baixo estatuto económico e social a par de um isolamento linguístico, social e cultural destes cidadãos" frisou.
HN.
Lusa/fim
Um comentário:
Muito informativa essa notícia. Ela mostra a dificuldade da família de pessoas surdas e da própria pessoa que pode ficar isolada.
Mais uma vez reforça a importância da convivência na escola com outras pessoas.
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